Produtores de “case mods”, computadores que têm seus gabinetes remodelados, em geral optam por desenhos “dark”, com monstros e seres interplanetários, mas na Campus Party também há espaço para PCs “fofos”, inspirados em desenhos infantis ou animais de estimação. Crianças e adolescentes, que representam 5,5% dos inscritos, pilotam essas máquinas.
Sabrina Pires, 10, ganhou do pai um computador com gabinete de cores rosa e branco, luzes que piscam e a imagem das protagonistas da série animada “Witch”. Esse, entretanto, não é o primeiro presente “tunado” da garota -antes, sua máquina tinha formato de Mikey. “Eu gosto mais do computador, mas também brinco de Barbie e vejo TV”, conta.
As garotas fazem parte de uma geração de crianças que já nasceu conectada e tem na internet, e não na TV ou em brincadeiras de rua, o seu divertimento preferido.
“A Sabrina usa [a rede] desde que nasceu. Tem uma foto dela com seis meses sentada em cima de um computador”, diz a mãe da fã de “Witch”, Luciana Pires, 28.
Sabrina Pires, 10, posa ao lado do computador que ganhou
do pai, com gabinete de cores rosa e branco, luzes que piscam
Mesmo as que não tem acesso em casa dão o seu jeito de usar a rede. Jhonata Leone, 13, navega no computador da ONG Cor da Rua -e veio à Campus Party à convite da organização, para mostrar o trabalho da entidade, que reutiliza sucata, incluindo “lixo tecnológico”, para produzir novos objetos.
Acesso
Com ou sem computador próprio, as crianças frequentam os mesmos lugares virtuais. “Eu vejo o Orkut, MSN e sala de bate-papo” foi a resposta de Leone, mas a frase foi repetida por praticamente todos os garotos e garotas ouvidos pela Folha Online.
A Campus Party permite a entrada de menores de 18 anos, desde que acompanhados por um responsável. Mas nem sempre eles são levados pelos pais.
Mateus Araújo, 11, foi levado por um primo e está acampado em uma barraca do evento. Ele reconhece que às vezes sente saudades de casa, mas dá a fórmula para resolver o problema: “Falo com a minha mãe pelo MSN.”